quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Andam dizendo por aí que o fogo no seu coração se apagou






   http://grooveshark.com/s/Wonderwall/3JJBoz?src=5

 E eu fico aqui imaginando, como nunca antes, o quanto seria bom pousar a cabeça nos teus ombros e observar o céu se transformar num manto negro enquanto a vida rola solta por aí com seus altos e baixos. Ah, Zé, se você soubesse o quanto o meu peito se comprime diante da simples ideia de te abraçar...
 Parece que foi ontem que eu deixei você escorregar timidamente por entre os meus dedos pra nunca mais voltar. Queria eu poder ao menos de longe observar teu riso frouxo e apático. Toda vez que eu desabo na ruína dos sonhos acabo por te encontrar, pra voltar a te perder quando a manhã chega. Eu gostaria de não mais acordar. Eu passaria a eternidade a apenas te observar cantar e então sorrir.
 Me assusta ver o quanto sua ausência se tornou companhia nesses últimos sete meses. Quantos mais virão até que você comece a desvanecer nos meus sonhos e desejos? Quantos mais irão até que a chuva possa cobrir teu cheiro, Zé?

terça-feira, 21 de agosto de 2012

O amor é natural e real, mas não para pessoas como você e eu, meu amor

 Oi, Zé. Imagino que você esteja dormindo a uma hora dessas. Gostaria de saber com o que você está sonhando. Ou com quem...

 Os dias são todos iguais, Zé. Há vezes em que não sinto vontade de viver nenhum deles mais. Estou me tornando uma úlcera dentro de mim mesma, como se tudo de bom e colorido e bonito e divertido estivesse se juntando numa bolinha como aquelas de sujeira que se formam no umbigo; como uma ferida cheia de pus.
 Esta noite tive mais uma "crise". Estar em mim foi como um ligeiro incômodo; de repente meu corpo já não me servia mais. Não era meu. Eu me senti despencar dentro de um abismo e foi como se tudo não passasse de um sonho. Nada daquilo era real: as vozes, a louza rabiscada, as risadas e até mesmo o meu coração se chocando contra o peito. Nada estava acontecendo.

 Semana passada eu encontrei uma ferida nova, mas você não quer saber, quer? Descobri também uma antiga memória e um cheiro quase tão acolhedor quanto o da chuva. Descobri um novo erro, uma nova culpa, um velho gosto, um novo choro e esqueci de descobrir o quanto você se distanciou e o quanto não se importa. Me perdoa, Zé, mas desistir de você não é tão fácil quanto parece. Às vezes a solução se torna o problema.

 Hoje vou dormir já com a certeza de que essa terça-feira vai ser uma merda.
Você, vida, que gosta tanto de pregar peças, porque não faz mais uma vez com que tudo seja ao contrário do esperado? Eu sei, não vai.
 Boa noite pra mim.
 

sábado, 18 de agosto de 2012

Para as profundezas do oceano, onde todas as esperanças afundam, procurando por você


  http://grooveshark.com/s/Shadowplay/4u05ry?src=5

  Tá tudo tão escuro, Zé. Eu mal consigo escutar com toda essa amargura invadindo a minha boca. Só dá pra ouvir um soluço amarrotado preso às entranhas, que às vezes salta aos olhos; uma dessas luzes que nunca se apagam, sabe? Há um odor de ternura no ar, e é quente e macio. É quase tão bom quanto o seu cheiro e quase tão querido quanto você.

 Todo dia há essa maldita sensação de perda de tempo, como se ele escorregasse sereno e cruel pelos meus dedos finos e trêmulos. Eu tenho tanto, tanto medo de acabar cinza e morta como toda essa gente por aí. De perambular até o fim da existência sem razão ou propósito. De viver essa vida leve, vazia e sem dor; sem aquela náusea que aparece momentos antes de percebermos algo revirando no estômago, algo que vem quando o peso nos comprime contra o chão. Essa ânsia que ocorre momentos antes de a gente descobrir que tá vivo.
 Eu queria ter palavras bonitas, Zé, dessas que ficam dançando no ar quando a gente afunda a cabeça no travesseiro a noite e nos rasgam ao meio. Eu queria dá-las a você. Mas só tem tristeza suspensa no canto dos meus lábios e na forma como eu arqueio as sobrancelhas. Há apenas medo na forma suave como eu me reviro na cama durante um pesadelo bom.
 Você, Zé, bem sabe que eu sempre fui melhor em te abraçar do que em cuspir palavras poéticas.