sábado, 18 de agosto de 2012

Para as profundezas do oceano, onde todas as esperanças afundam, procurando por você


  http://grooveshark.com/s/Shadowplay/4u05ry?src=5

  Tá tudo tão escuro, Zé. Eu mal consigo escutar com toda essa amargura invadindo a minha boca. Só dá pra ouvir um soluço amarrotado preso às entranhas, que às vezes salta aos olhos; uma dessas luzes que nunca se apagam, sabe? Há um odor de ternura no ar, e é quente e macio. É quase tão bom quanto o seu cheiro e quase tão querido quanto você.

 Todo dia há essa maldita sensação de perda de tempo, como se ele escorregasse sereno e cruel pelos meus dedos finos e trêmulos. Eu tenho tanto, tanto medo de acabar cinza e morta como toda essa gente por aí. De perambular até o fim da existência sem razão ou propósito. De viver essa vida leve, vazia e sem dor; sem aquela náusea que aparece momentos antes de percebermos algo revirando no estômago, algo que vem quando o peso nos comprime contra o chão. Essa ânsia que ocorre momentos antes de a gente descobrir que tá vivo.
 Eu queria ter palavras bonitas, Zé, dessas que ficam dançando no ar quando a gente afunda a cabeça no travesseiro a noite e nos rasgam ao meio. Eu queria dá-las a você. Mas só tem tristeza suspensa no canto dos meus lábios e na forma como eu arqueio as sobrancelhas. Há apenas medo na forma suave como eu me reviro na cama durante um pesadelo bom.
 Você, Zé, bem sabe que eu sempre fui melhor em te abraçar do que em cuspir palavras poéticas.

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