quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Mas o último dia de verão nunca foi tão frio. O último dia de verão nunca foi tão velho. Nunca foi tão...


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 Os últimos dias, Zé... eu nem sequer os vi passar. Jogada na cama, perdida em meio a mil e dois papéis, mil e dois sonhos, mil e duas duvidas sobre você, eu nem sequer ouvi a tristeza pousar ao meu lado só pra observar o que eu tenho feito de você ou o que a vida tem feito de mim.
 Eu tenho feito sonhos de você. Poemas de você. Esperanças de você. Montanhas de sorvete por você. Suspiros e arrepios por você. Suor e febre no meio da noite por você. Mas não é nada sobre você. É tudo sobre eu tentando me desatar de você, fugindo de você, dançando com você, fugindo com você e voltando ao início de novo e de novo e de novo...
 É tudo sobre novembro que nunca acaba e a fria chuva de novembro lavando os vestígios de saudade e me deixando nua. É tudo sobre nada além de sonhos devoradores de almas, de novo.

 Os últimos dias de novembro, Zé...

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

E se eu vou falar, eu só quero conversar. Por favor, não me interrompa. Apenas sente-se e ouça.


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 Já mergulhou tão fundo a ponto de perder a direção e a consciência, Zé? Você já se perdeu nas profundezas de um sonho?

 Você tem esse maldito hábito de me tirar o juízo. Algo pode ser mais assustador do que perder o rumo?
 Todos esses rostos mortiços e embaçados, Zé, todos eles me lembram você. Eu queria apagar cada um deles. Queria que cada uma dessas vozes moribundas cheias de dor se perdessem ao longe, e daí eu poderia procurá-las. Eu poderia me perder com elas. Talvez elas pudessem apagar todas essas luzes tão brilhantes e trazer o silêncio acolhedor. Aí então eu poderia contar todas as minhas histórias tristes. Eu poderia chorar e poderia vomitar de tanta tristeza. Eu talvez pudesse dançar uma última valsa no fundo do mar, sobre as conchas, até que meus pés doam e eu me transforme em espuma dispersa na água. Eu talvez pudesse dançar na lama sem me sujar. Depois eu poderia cair no chão e ficar ainda mais abaixo que o chão, e quando o peso terminasse seu servicinho sujo, eu poderia viajar no cólo do vento e você jamais sentiria o calor da minha respiração de novo, Zé.
 Essa música triste, eu não posso mais ouvi-la. Ela me dá calafrios. Ela me faz tremer e suspirar, exatamente como você fazia.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Noite passada eu sonhei que alguém me amava. Nenhuma esperança, nenhum dano. Só outro alarme falso.


  E você pousava silencioso a cabeça no meu colo e lá descarregava toda a sua insegurança. Os meus dedos traçavam caminhos demoradoas por entre os seus cabelos e ali eu descançava. E ali eu reconhecia a paz. Foi uma pena o despertador tocar, Zé. Eu teria te mostrado os mais profundos poemas com meus olhos grandes. Eu teria encontrado um refúgio além das entranhas do oceano, onde coubessem todas as suas mágoas e seu desalento, onde você choraria todos os seus fracassos expostos.
 Se perca comigo, Zé. Dê uma volta do ponto mais escuro ao ponto mais nobre do mundo do inconsciente ao meu lado. Se jogue no abismo dos sonhos junto de mim e deixe-me transcender a escuridão com você. 
 O sonho é mesmo a pior das cocaínas. Me faz acordar com o gosto forte que tem a tua ausência cravado na boca. Me obriga todos os dias a conviver com a dúvida.

 E você, Zé? Com quem você sonhado? Qual é o gosto que amanhece na sua boca quando o sonho te tira o juízo?

domingo, 23 de setembro de 2012

E há um gosto em minha boca enquanto o desespero toma conta


 É estranho, Zé. Na verdade, é desolador quando eu olho para todos os lados e me encontro completamente sozinha. Eu vejo as coisas acontecendo ao meu redor sem conseguir me mexer e procuro, sem resultado, algum lugar ou alguém pra quem fugir. E eu nada encontro, Zé. Não há João ou qualquer outra pessoa a quem recorrer. Não há cartas que me poupem esta angústia, nem cachorro, comida ou bebida que o faça; não há abismo onírico onde eu possa me afundar e desaparecer.
 Eu também te observo ir e vir silenciosamente através dessas estradas sinuosas e escuras tão distantes de mim. As vezes, Zé, eu só queria desitir. Queria encontrar um meio de voar pra longe de você e esquecer do quanto você me importa. Queria rasgar todas as cartas e reverter o fluxo da chuva, que acinzenta tudo e molha tudo e trás de volta essa velha vida que não vai mais me servir.
 Eu vivo uma eterna segunda-feira. Algo que vem de lá do fundo - uma dessas coisas inomináveis -, me faz pensar que esta é uma vida que não merece ser vivida, ou que pelo menos não gera vontade para ser. Mas como findar o ciclo interminável dos desejos sem intenção e tristezas silenciosas? Eles nunca se vão. Eu nunca sei se se trata de peso de mais ou se é da leveza que falamos. Eu nunca sei de nada.

 Espero te encontrar ao menos nos meus sonhos, Zé.

sábado, 15 de setembro de 2012

Eu que não fumo, queria um cigarro. Eu que não amo você, envelheci dez anos ou mais nesse último mês


  Sabe, João, tá cada vez mais dificil lidar com a sua ausência, mas talvez isso não seja tão dificil quanto lidar com a sua inconstância. Cada vez que a vida me dá um desses tapas na cara, eu fico imaginando onde te encontrar, pra onde você fugiria comigo, onde a gente iria se esconder até que os raios parassem de romper no horizonte. Mas eu sei, Zé, eu sei você que você se lançou às profundezas do oceano, onde todas as esperanças afundam. Eu queria me perder no oceano também...

 É tão estranho, tão confusa a forma como você vai e volta sem se explicar. E eu fico perdida, porque sempre é noite e o oceano é imenso. Quando a dor é muito forte e o silêncio acaba por me ensurdecer, eu acabo por te procurar nas profundezas de  um copo de vodka, mas não se preocupe, eu juro que não é Balalaika.

 Eu queria tanto poder te falar sobre como depois de um tempo as estrelas mais brilhantes acabam por despencar de lá do céu e caem sobre a minha cabeça. Eu queria te falar sobre o conforto que a gente só encontra na solidão. Eu queria sua voz melancólica me dizendo qualquer coisa sem sentido agora.

 É normal se sentir insignificante todos os dias, Zé?

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Quando a escuridão rompeu, eu só desmoronei e chorei


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 A vida é toda torta e tão estranha, Zé. Eu sou toda torta e tão estranha também. Eu me lembro como se fosse ontem o quanto os primeiros anos foram difíceis quando isso começou. Eu me lembro o quão perdida e confusa eu estava ao ter que lidar com tudo sozinha.
 Eu não consigo olhar para o futuro, imaginar um futuro. Sou feita de sonhos e vontades livres de intenção e por mais que isso seja a coisa mais pura, é também a mais assustadora.

 Eu sinto medo a cada amanhecer. Medo de acordar sozinha. Medo de seguir sozinha, de viver estagnada nesse vazio, de viver presa a esse olhar cinza que mancha tudo o que eu vejo. Eu tenho medo ao pensar em viver até o ultimo dia mergulhada na mesma angustia infinita e implacavel.
 Eu choro a cada deitar para dormir. Choro tudo o que eu sou, tudo o que faço, tudo o que sinto, toda a minha culpa. Choro toda a minha existência. Há vezes em que nem mesmo eu acredito que esse choro baixo e perdido sustenta o mesmo mar de duvidas e incertezas há 5 anos. Ah, Zé, como é triste não ter pra onde fugir...

 "Toda criatura viva nesse mundo morre sozinha. Eu não quero morrer sozinha."

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Andam dizendo por aí que o fogo no seu coração se apagou






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 E eu fico aqui imaginando, como nunca antes, o quanto seria bom pousar a cabeça nos teus ombros e observar o céu se transformar num manto negro enquanto a vida rola solta por aí com seus altos e baixos. Ah, Zé, se você soubesse o quanto o meu peito se comprime diante da simples ideia de te abraçar...
 Parece que foi ontem que eu deixei você escorregar timidamente por entre os meus dedos pra nunca mais voltar. Queria eu poder ao menos de longe observar teu riso frouxo e apático. Toda vez que eu desabo na ruína dos sonhos acabo por te encontrar, pra voltar a te perder quando a manhã chega. Eu gostaria de não mais acordar. Eu passaria a eternidade a apenas te observar cantar e então sorrir.
 Me assusta ver o quanto sua ausência se tornou companhia nesses últimos sete meses. Quantos mais virão até que você comece a desvanecer nos meus sonhos e desejos? Quantos mais irão até que a chuva possa cobrir teu cheiro, Zé?

terça-feira, 21 de agosto de 2012

O amor é natural e real, mas não para pessoas como você e eu, meu amor

 Oi, Zé. Imagino que você esteja dormindo a uma hora dessas. Gostaria de saber com o que você está sonhando. Ou com quem...

 Os dias são todos iguais, Zé. Há vezes em que não sinto vontade de viver nenhum deles mais. Estou me tornando uma úlcera dentro de mim mesma, como se tudo de bom e colorido e bonito e divertido estivesse se juntando numa bolinha como aquelas de sujeira que se formam no umbigo; como uma ferida cheia de pus.
 Esta noite tive mais uma "crise". Estar em mim foi como um ligeiro incômodo; de repente meu corpo já não me servia mais. Não era meu. Eu me senti despencar dentro de um abismo e foi como se tudo não passasse de um sonho. Nada daquilo era real: as vozes, a louza rabiscada, as risadas e até mesmo o meu coração se chocando contra o peito. Nada estava acontecendo.

 Semana passada eu encontrei uma ferida nova, mas você não quer saber, quer? Descobri também uma antiga memória e um cheiro quase tão acolhedor quanto o da chuva. Descobri um novo erro, uma nova culpa, um velho gosto, um novo choro e esqueci de descobrir o quanto você se distanciou e o quanto não se importa. Me perdoa, Zé, mas desistir de você não é tão fácil quanto parece. Às vezes a solução se torna o problema.

 Hoje vou dormir já com a certeza de que essa terça-feira vai ser uma merda.
Você, vida, que gosta tanto de pregar peças, porque não faz mais uma vez com que tudo seja ao contrário do esperado? Eu sei, não vai.
 Boa noite pra mim.
 

sábado, 18 de agosto de 2012

Para as profundezas do oceano, onde todas as esperanças afundam, procurando por você


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  Tá tudo tão escuro, Zé. Eu mal consigo escutar com toda essa amargura invadindo a minha boca. Só dá pra ouvir um soluço amarrotado preso às entranhas, que às vezes salta aos olhos; uma dessas luzes que nunca se apagam, sabe? Há um odor de ternura no ar, e é quente e macio. É quase tão bom quanto o seu cheiro e quase tão querido quanto você.

 Todo dia há essa maldita sensação de perda de tempo, como se ele escorregasse sereno e cruel pelos meus dedos finos e trêmulos. Eu tenho tanto, tanto medo de acabar cinza e morta como toda essa gente por aí. De perambular até o fim da existência sem razão ou propósito. De viver essa vida leve, vazia e sem dor; sem aquela náusea que aparece momentos antes de percebermos algo revirando no estômago, algo que vem quando o peso nos comprime contra o chão. Essa ânsia que ocorre momentos antes de a gente descobrir que tá vivo.
 Eu queria ter palavras bonitas, Zé, dessas que ficam dançando no ar quando a gente afunda a cabeça no travesseiro a noite e nos rasgam ao meio. Eu queria dá-las a você. Mas só tem tristeza suspensa no canto dos meus lábios e na forma como eu arqueio as sobrancelhas. Há apenas medo na forma suave como eu me reviro na cama durante um pesadelo bom.
 Você, Zé, bem sabe que eu sempre fui melhor em te abraçar do que em cuspir palavras poéticas.