terça-feira, 21 de agosto de 2012

O amor é natural e real, mas não para pessoas como você e eu, meu amor

 Oi, Zé. Imagino que você esteja dormindo a uma hora dessas. Gostaria de saber com o que você está sonhando. Ou com quem...

 Os dias são todos iguais, Zé. Há vezes em que não sinto vontade de viver nenhum deles mais. Estou me tornando uma úlcera dentro de mim mesma, como se tudo de bom e colorido e bonito e divertido estivesse se juntando numa bolinha como aquelas de sujeira que se formam no umbigo; como uma ferida cheia de pus.
 Esta noite tive mais uma "crise". Estar em mim foi como um ligeiro incômodo; de repente meu corpo já não me servia mais. Não era meu. Eu me senti despencar dentro de um abismo e foi como se tudo não passasse de um sonho. Nada daquilo era real: as vozes, a louza rabiscada, as risadas e até mesmo o meu coração se chocando contra o peito. Nada estava acontecendo.

 Semana passada eu encontrei uma ferida nova, mas você não quer saber, quer? Descobri também uma antiga memória e um cheiro quase tão acolhedor quanto o da chuva. Descobri um novo erro, uma nova culpa, um velho gosto, um novo choro e esqueci de descobrir o quanto você se distanciou e o quanto não se importa. Me perdoa, Zé, mas desistir de você não é tão fácil quanto parece. Às vezes a solução se torna o problema.

 Hoje vou dormir já com a certeza de que essa terça-feira vai ser uma merda.
Você, vida, que gosta tanto de pregar peças, porque não faz mais uma vez com que tudo seja ao contrário do esperado? Eu sei, não vai.
 Boa noite pra mim.
 

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